Estados Unidos disputam com China a corrida das IAs

China na corrida das IAs
China na corrida das IAs – Foto: Reprodução

A queda acentuada das ações da Nvidia, uma das maiores fabricantes de semicondutores para inteligência artificial (IA) dos Estados Unidos, provocou turbulência nos mercados globais nesta segunda-feira (27).

O episódio traz implicações econômicas e geopolíticas profundas, ocorrendo apenas cinco dias após o presidente Donald Trump anunciar um pacote de investimentos de US$ 500 bilhões em data centers para apoiar o setor de IA americano. Isso demonstra o estado atual dos EUA a Disputa com China na corrida das IAs.

A Nvidia perdeu impressionantes US$ 589 bilhões em valor de mercado em um único dia. A causa direta foi a publicação de um estudo da empresa chinesa DeepSeek, que apresentou um modelo de linguagem de alta eficiência, o R1. Além de ser tecnologicamente avançado, o modelo teria custado apenas cerca de US$ 6 milhões para ser desenvolvido, em contraste com os bilhões frequentemente investidos pelas empresas americanas.

Vantagem energética

Especialistas apontam que os grandes modelos de linguagem chineses estão cada vez mais próximos dos americanos em desempenho, mas com custos significativamente menores. Além disso, o modelo R1 consome menos energia, tornando-se um ativo estratégico na corrida pela supremacia em IA.

Essa vantagem energética reflete uma questão crítica. A IA demanda enormes quantidades de eletricidade, o que levou Trump a revogar a proibição da exploração de petróleo e gás offshore, medida anteriormente instituída por Joe Biden. A justificativa oficial é garantir segurança energética para manter a competitividade americana. Embora críticos apontem o desdém do presidente pelas mudanças climáticas como um fator relevante.

Enquanto isso, a China avança rapidamente na produção de energia renovável, com uma capacidade solar e eólica instalada equivalente a dois terços da capacidade global. No entanto, o país também consome mais carvão do que todas as outras nações somadas.

A recusa de Trump em investir em energias renováveis também tem um componente geoeconômico, já que a China domina a fabricação de placas solares e componentes eólicos. Essa postura acirra a competição econômica entre as duas potências.

A disputa tecnológica ficou mais evidente após a decisão de Biden, em 2022, de proibir o acesso da China aos semicondutores mais avançados. A medida foi amplamente criticada por empresas como a Nvidia, que a consideraram um estímulo para a China investir no desenvolvimento de suas próprias tecnologias. Isso acabou se concretizando.

Outro ponto geopolítico relevante é que 90% dos semicondutores avançados são usinados em Taiwan. O banimento imposto pelos Estados Unidos representou, indiretamente, um incentivo para que a China intensifique seus esforços para tomar a ilha à força.

A crescente competitividade chinesa em IA e energia evidencia a complexidade dessa disputa tecnológica e econômica, colocando em xeque a estratégia americana liderada por Trump.

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Raphael Ribeiro
Raphael Ribeiro
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