
Pesqueira se prepara para uma mobilização popular neste domingo (4), às 15h, em frente à sede da Prefeitura Municipal. O Delegado Rossine, ex-candidato a prefeito e uma das principais lideranças do movimento Pesqueira do Bem, é quem convoca o protesto. O grupo denuncia a continuidade de “esquemas de corrupção” na atual gestão municipal.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Rossine afirma que não fala como político, mas como representante do movimento cívico que, segundo ele, nasceu com o compromisso de lutar por uma cidade mais justa, limpa e comprometida com os interesses do povo. “Estou vindo com uma finalidade muito importante. Convidar a população, da cidade e da zona rural, para um protesto ordeiro e pacífico, mas com uma finalidade fundamental: pedir o fim da corrupção que está tomando conta da Prefeitura de Pesqueira”, declarou.
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O delegado citou investigações conduzidas pela Polícia Civil, pelo Ministério Público bem como pelo Poder Judiciário, que teriam revelado desvios de quase R$ 16 milhões em recursos públicos. Ele afirmou, no entanto, que os crimes não se restringem ao passado: “A corrupção não parou em 2022. Ela continua até os dias de hoje, e, portanto, nós temos diversas notícias que comprovam isso”.
De acordo com Rossine, a corrupção atinge diretamente os serviços essenciais da cidade. “Os políticos desonestos desviam dinheiro do hospital, da UPA, dos postos de saúde, da merenda bem como do transporte escolar, de programas voltados para famílias carentes e de obras de infraestrutura. Isso prejudica toda a população de Pesqueira.”
O ato deste domingo, segundo o movimento, não tem caráter partidário. Os organizadores pedem que os participantes compareçam vestidos de branco, como símbolo de paz e união. “Não é um evento político. Vamos todos de branco, mostrar que somos pesquerenses honestos e que apoiamos o trabalho da Justiça”, reforçou Rossine.
A manifestação também ocorre em meio a novos desdobramentos no cenário político local. Vereadores da oposição — Evandro Júnior, Mateus Leite, Jéo Napoleão e Biarro — protocolaram nesta semana um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para investigar as denúncias.
Câmara de Pesqueira barra CPI para investigar prefeito e vereadores
A Câmara de Vereadores de Pesqueira, no Agreste do Estado, barrou o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o prefeito, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), e os parlamentares Sil Xukuru (PT) e Pastinha Xukuru (PP), que são réus por participar de um suposto esquema de corrupção que desviou mais de R$ 15,6 milhões do município.
Proposta pela oposição, a CPI foi rejeitada em sessão ordinária na terça-feira (29). O pedido, no entanto, só atingiu quatro das cinco assinaturas necessárias – que seria equivalente a um terço da Casa, composta por 15 parlamentares.
Foram favoráveis à investigação os vereadores Mateus Leite (Podemos), responsável por propor a CPI, além de Biá Cabral (PSDB), Gel Napoleão (PL) bem como Evando Júnior (PSD). “Hoje, Pesqueira já tem a certeza que existe uma grave suspeita de corrupção. Vamos, dessa forma, agir por nossa cidade”, defendeu o autor da proposta, na sessão.
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Acusado de organização criminosa, fraudes em licitações bem como lavagem de dinheiro, Cacique Marcos diz ser inocente e alega sofrer perseguição política. Ao propor o inquérito, Leite rebateu a versão do prefeito de Pesqueira.
“Não chegamos aqui, em momento nenhum, para fazer politicagem nem levantar em falso. Nós devemos satisfação ao povo e não a quem está acima de nós, seja deputado, prefeito, quem quer que seja”, disse o vereador. “Se CPI fosse artigo de politicagem, a gente não via aqui pedir uma comissão de inquérito não. Nós íamos para a rua, com o povo, dar um grito: ‘impeachment já’”.
Para a oposição, apenas quatro assinaturas seriam suficientes para instaurar a investigação, uma vez que dois vereadores, Sil e Pastinha Xukuru, estão afastados pela denúncia de corrupção.
O presidente da Câmara Municipal de Pesqueira, Guila Araújo (PDT), entretanto, rejeitou a tese e argumentou que os acusados ainda são membros da Casa. “Eles estão afastados das atividades legislativas, não excluídos”, disse.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirma que Cacique Marcos seria o líder do grupo responsável por direcionar ao menos 15 licitações no município entre janeiro de 2021 e setembro de 2022.