Wolney Queiroz substitui Lupi como ministro da Previdência

Presidente licenciado do PDT, Lupi estava desde o início do governo, há dois anos e quatro meses, à frente do ministério que tem o INSS em sua estrutura.

Wolney Queiroz substitui Lupi
Wolney Queiroz substitui Lupi – Foto: Reprodução

O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), anunciou demissão do governo nesta sexta-feira (2). Sua gestão estava em crise desde que uma investigação revelou um esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Wolney Queiroz substitui Lupi.

Em comunicado oficial, Lupi escreveu em uma rede social:

“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade.”

Atualmente licenciado da presidência do PDT, Lupi estava à frente do ministério desde o início do governo, ou seja, há dois anos e quatro meses. O Ministério da Previdência inclui o INSS em sua estrutura.

Dessa forma, o novo ministro será o ex-deputado e número 2 de Lupi, Wolney Queiroz. O Jornal Nacional revelou que Lupi participou de uma reunião do Conselho Nacional da Previdência Social, em 2023, na qual foi alertado sobre as fraudes no INSS. No entanto, as primeiras medidas para conter as irregularidades foram adotadas quase um ano depois. Vale destacar que Wolney também estava presente na reunião.

Nos bastidores do governo, a saída de Lupi já era dada como certa após a revelação do esquema de fraudes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive, já negociava com o PDT a sucessão no ministério.

Lupi, por sua vez, afirmou que não foi citado nas investigações e negou qualquer participação em irregularidades.

✅ Receba as notícias do Portal Panorama no seu WhatsApp

“Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula”, completou o agora ex-ministro.

Politicamente, Lupi é uma figura influente no PDT e aliado histórico dos governos petistas. Ele já havia ocupado um ministério anteriormente, mas também foi demitido durante o governo Dilma Rousseff, em meio a denúncias de corrupção.

Mudanças na Previdência

Recentemente, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto — indicado por Lupi —, foi demitido na semana passada.

Durante o pronunciamento do Dia do Trabalhador, Lula comentou o caso e afirmou que determinará o ressarcimento da população afetada pelas cobranças ilegais.

“Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, afirmou.

Segundo auxiliares do presidente, a permanência de Lupi tornou-se insustentável, mesmo diante do risco político de o PDT se afastar da base governista no Congresso Nacional — considerada frágil e dependente do apoio do Centrão.

Tentativa de Blindagem

O ex-ministro tentou manter Stefanutto no cargo, mas Lula acabou nomeando o procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS.

Nos últimos dias, Lupi se empenhou em mostrar que não foi omisso diante dos alertas de irregularidades e defendeu a prisão dos envolvidos.

Ainda na semana passada, o Jornal Nacional teve acesso a atas de reuniões que comprovam que Lupi foi alertado sobre o aumento de descontos indevidos em aposentadorias. Contudo, ele levou quase um ano para agir.

O Conselho Nacional da Previdência Social, presidido pelo ministro da pasta, reúne representantes do ministério, do INSS, associações de aposentados, sindicatos e entidades patronais. Cabe a esse conselho estabelecer diretrizes, acompanhar e avaliar a gestão previdenciária.

Ademais, a gestão de Lupi já enfrentava críticas internas, principalmente pelo fracasso na promessa de acabar com as filas para perícia do INSS.

A Operação

A operação conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que associações que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS.

De acordo com a investigação, o esquema começou em 2019, ainda no governo de Jair Bolsonaro, e seguiu ativo durante o atual mandato de Lula. Entre 2019 e 2024, o prejuízo pode ter chegado a R$ 6,3 bilhões.

Durante as buscas, foram apreendidos diversos itens de valor, como dinheiro em espécie, carros de luxo (inclusive uma Ferrari), joias, relógios e quadros.

Por fim, a PF identificou o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, como o principal operador do esquema. Ele, portanto, é sócio de 22 empresas — todas registradas no mesmo endereço em Taguatinga, a 20 km de Brasília.

#Compartilhe clicando em uma das opções abaixo
Portal PanoramaPE
Portal PanoramaPE
Artigos: 475

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *